Palestra sobre Violência no Namoro: Como reconhecer os sinais?
- 25 de mar.
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PSICÓLOGA ALERTA ALUNOS DO EXTERNATO PAULO VI PARA SINAIS DE ABUSO

A violência no namoro continua a ser uma realidade preocupante entre os jovens portugueses. De acordo com os dados mais recentes da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), em 2024 foram registadas 1.023 vítimas de violência no namoro, sendo que 322 procuraram ajuda enquanto ainda estavam na relação. Já um estudo da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) revelou que 63% dos jovens já experienciaram pelo menos um tipo de vitimação numa relação e que 68,1% não identificam certos comportamentos abusivos como violência.
Foi para combater esta normalização do abuso que o Externato Paulo VI, alinhando-se com os seus princípios de inovação e excelência no ensino, promoveu uma palestra na Biblioteca Madre Trindade, dirigida aos alunos do 9.º ano, conduzida pela Psicóloga de Educação Céu Henriques. A sessão centrou-se na importância da identificação precoce de sinais de alerta e na promoção de relações saudáveis.
"O amor não se baseia no controlo, na manipulação ou no medo. Muitos jovens não reconhecem a violência porque ela pode começar de forma subtil, como o isolamento dos amigos, o ciúme excessivo ou a desvalorização emocional. Com o tempo, essas atitudes podem escalar para situações mais graves", alertou Céu Henriques durante a palestra.
VIOLÊNCIA NO NAMORO: MAIS DO QUE AGRESSÃO FÍSICA
Um dos temas abordados foi a diversidade das formas de violência que podem existir numa relação. Estudos de Sugarman & Hotaling (1991, cit. in Jackson, 1999) mostram que o namoro não é apenas uma interação emocional, mas também um campo onde podem surgir dinâmicas de poder e abuso.

De acordo com a especialista, os jovens devem estar atentos a diferentes tipos de agressão:
Psicológica e emocional – Manipulação, chantagem, humilhação e ameaças;
Verbal – Insultos, gritos e desvalorização da autoestima;
Social – Isolamento do parceiro e controlo de amizades;
Física – Empurrões, agressões ou destruição de objetos;
Digital – Vigilância de redes sociais, acesso forçado ao telemóvel e partilha não consentida de conteúdos íntimos.
Para a psicóloga, a educação emocional é essencial para evitar este tipo de situações. "As emoções influenciam o nosso comportamento. Quando não sabemos geri-las, podemos cair em padrões de agressão ou submissão, acreditando que fazem parte do amor", explicou Céu Henriques.
O IMPACTO DAS EMOÇÕES E OS SINAIS DE ALERTA
Durante a sessão, os alunos participaram ativamente e partilharam reflexões sobre o impacto das emoções no comportamento.
Romy, aluna do 9.º ano, destacou a importância da empatia: "Empatia é colocar-nos no lugar do outro".
Francisco Nóbrega alertou para os efeitos físicos das emoções: "Quando estamos stressados e nervosos, podemos engordar porque começamos a comer compulsivamente".
João Amaral mencionou os riscos da impulsividade emocional: "Quando ficamos muito felizes ou com muita raiva, tomamos decisões de forma impulsiva e isso pode não ser positivo".
A psicóloga reforçou a necessidade de reconhecer os sinais de alerta nas relações. Segundo o Serviço Nacional de Saúde (2020), os principais indicadores de uma relação abusiva incluem:
Ciúmes e controlo excessivo – Monitorização das redes sociais e restrição de amizades.
Falta de respeito – Insultos e desvalorização da opinião do parceiro.
Pressão para atos sexuais – Coação ou falta de consentimento.
Agressividade nas discussões – Gritos, ameaças ou violência física.
O PAPEL DA ESCOLA NA PROMOÇÃO DE RELAÇÕES SAUDÁVEIS
A palestra encerrou com um apelo da psicóloga aos jovens para que sejam agentes ativos na construção de relações equilibradas.
"Denunciar um comportamento abusivo não é fraqueza, é um ato de coragem. Quanto mais falarmos sobre este tema, mais conseguimos mudar mentalidades e evitar ciclos de violência", concluiu Céu Henriques.
O Externato Paulo VI reafirma o seu compromisso com a formação integral dos alunos, promovendo iniciativas que fomentam valores humanos e sociais. O Colégio acredita que preparar os jovens para lidar com desafios emocionais e sociais é fundamental para um futuro mais equilibrado e justo.
Porque no Externato Paulo VI, “Mais Humanos, Mais Cristãos, Mais Felizes” não é apenas um lema – é um compromisso.
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