AUTO DA BARCA DO INFERNO EM CENA NO EXTERNATO PAULO VI
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Atualizado: há 2 dias
Clássico vicentino com corpo contemporâneo, interpretado pelos alunos finalistas do 9.º Ano

O Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, uma das obras mais emblemáticas do teatro português, ganhou nova vida em Braga, no palco do Externato Paulo VI, onde os alunos do 9.º Ano levaram à cena uma adaptação inovadora e pedagogicamente exemplar desta peça fundadora da literatura dramática portuguesa.
A leitura encenada de Auto da Barca do Inferno: uma ponte entre séculos
No Externato Paulo VI, a leitura de uma obra literária nunca se limita ao papel. Depois de um estudo aprofundado do Auto da Barca do Inferno na disciplina de Português, os alunos do 9.º Ano transformaram o texto em experiência viva, representando a peça integralmente em português arcaico, tal como foi escrita no início do século XVI por Gil Vicente, figura fundadora do teatro português.
Personagens de Auto da Barca do Inferno com ecos do presente
Longe de se restringirem à reprodução do texto, os estudantes ousaram dialogar com o Auto da Barca do Inferno, e com o seu tempo.
Com o apoio das disciplinas de Teatro e Cidadania, e enraizados numa prática artística iniciada no 5.º ano, criaram duas personagens contemporâneas, que surgem no palco como espelhos da atualidade. Aludindo a questões sociais e políticas dos nossos dias, estas personagens não desvirtuaram a obra, antes ampliaram a sua pertinência enquanto exercício de crítica social, revelando o quanto as barcas vicentinas continuam a navegar pela condição humana, hoje como há cinco séculos.
Uma encenação que celebra a vida e a arte
Com um cenário minimalista, figurinos do século XVI em comunhão com dois figurinos modernos e a inclusão de músicas e coreografias atuais, a encenação revelou-se uma ponte entre o passado e o presente. Gil Vicente, mestre do riso e da crítica, teria sorrido ao ver como os jovens deram corpo à sátira social com inteligência, humor e consciência.
Aprender também se faz de luzes, palco e presença
Esta abordagem revela a essência do projeto educativo do Externato Paulo VI: uma escola que promove a aprendizagem ativa, o cruzamento entre disciplinas, o rigor académico e a criatividade, numa formação que é ao mesmo tempo humana, artística e crítica.
Neste exercício cénico, os alunos compreenderam não só uma das obras fundadoras da literatura dramática portuguesa, como se apropriaram dela, assumindo o palco como espaço de linguagem, pensamento e intervenção.
Mais do que uma representação teatral, este foi um ato de leitura em voz alta da cultura, da história e do mundo.
Quando o palco celebra o caminho dos finalistas até aqui
Este espetáculo foi também uma forma de celebrar os finalistas do 9.º ano, que estão prestes a fechar um ciclo importante no Externato Paulo VI.
O Auto da Barca do Inferno revelou-se a escolha perfeita para este momento de transição. Tal como as personagens enfrentam o seu juízo final, também os nossos finalistas atravessam, simbolicamente, uma barca que os transporta para o futuro, carregada de aprendizagens, afetos e sonhos.
Ainda faltam páginas para escrever, mas esta foi, sem dúvida, uma das mais bonitas.
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